A viagem realizada em outubro de 2013 durou 27 dias. Dividi em duas partes. Na primeira parte falo, brevemente, como chegamos à Cusco. Na segunda parte, o retorno por Arequipa, Arica, San Pedro de Atacama.
Algumas informações resumidas:
– Percorremos, aproximadamente, 9000 km de estradas em diversas condições.
– Alcançamos 4900m de altitude com o veículo na região de Arequipa.
– Cheguei com o carro até o primeiro acampamento da trilha Salkantay.
– Os objetivo principais eram Uyuni, Machu Picchu e Titicaca.
– Foram muitas estradas repletas de curvas, muitas sem asfalto e contornando montanhas.
– Dirigi de Arequipa (Peru) e litoral, via Arica (Chile), até Porto Alegre (via São Borja) em 2 dias.
– Foram mais de 6000 fotos em duas câmeras e muitos vídeos. Aqui só estão algumas que já estavam circulando no Facebook e com qualidade bem reduzida.
Dia 01.
Com tudo organizado e pronto no carro, partimos do interior do RS às 6h rumo à fronteira com a Argentina via São Borja (235km). Pequena distância, mas alguns problemas nos atrasaram. Um pássaro conseguiu atingir meu espelho esquerdo e perdi um tempo e grana considerável para achar outro em São Borja.
Fizemos a carta verde na ponte, na fronteira, muito mais rápido e mais barato. Por 30 dias paguei R$40. Estávamos com todo o resto da documentação (carteira internacional de vacinação, carteira internacional de motorista e passaporte) em mãos e a passagem foi tranquila.
Segui viagem pela Ruta 14, 120 e 12 passando por Corrientes. Após, Ruta 16 cruzando o norte da Argentina até o encontro com a maravilhosa Ruta 9 e chegar à Salta por volta da meia noite. Fui direto para o primeiro hotel que encontrei. Não foi barato, mas serviu para o descanso. Neste primeiro dia foram, aproximadamente, 1500km. A viagem foi tranquila, desta vez não houve problemas com falta de gasolina nos postos de serviços.
Todo o trajeto está em boas condições. Exceto um trecho na Ruta 16 antes de chegar à Ruta 9. Melhor ir devagar. Também é bom ficar atento aos animais na pista. Quase atropelamos uma família de suínos. Cavalos e outros animais podem ser vistos cruzando a pista.

Dia 02.
Após café da manhã, seguimos pela Ruta 9 – mais uma vez, mas vale o trajeto – passando por Jujuy, Purmamarca e chegando à Tilcara. Até aqui tudo já havia sido visitado em viagem anterior para o Atacama. Paramos em Tilcara para visitar o Pucará de Tilcara, um lanche rápido, alguns artesanatos e fomos seguindo pela Quebrada de Humahuaca (vale) até a fronteira. Sempre parando para curtir o caminho.
Minha meta era ir até Uyuni neste segundo dia. Não tenho problemas com longas distâncias ao volante, mas não contava com a situação de alguns trechos de estrada no meio do nada… na verdade… falta de trecho de estrada… ela desaparecia repentinamente… tudo estava em reformas na Bolívia. Bem, a fronteira La Quiaca com Villazón é um caso a parte. Eles querem comprovação que o carro tem seguro (ou extensão para Bolívia). Eu tinha, mas o meu banco não conseguiu cumprir o prazo de enviar a documentação. Além disso, querem o seguro SOAT, mas não vendem. Após muita calma e conversa, fomos liberados.
Dinheiro? Não. Só ao passar a ponte que a polícia pede descaradamente. Procedimento conhecido de todos os viajantes desta rota.
Encontrei uma galera do BR que estava fazendo o caminho contrário e ficaram admirados com os adesivos do meu carro (das rotas percorridas)… Acharam que eu estava vindo do Ushuaia. Bem, essa foi outra etapa. Não tenho tanto tempo de férias, infelizmente.
Com toda esta confusão, já era final de tarde e estava escurecendo. Resolvi tocar viagem. Na Bolívia existem muitos pedágios (guarde os boletos) e muito pedido de ajuda para a polícia!
Para ir até o Uyuni, como planejava, o melhor caminho para um carro 4×2 seria seguir até Potosi e depois descer para o Uyuni. É descer mesmo! Potosi fica a 4100m (+/-) de altitude.
Como era tarde, fui direto para Potosí. O primeiro trecho entre Villazón e Tupiza é tranquilo. Estrada asfaltada nova. O segundo trecho até Potosí estava todo em reformas, terrível. Resumindo: chegamos à Potosí por volta da 1h da manhã, mas só encontramos hotel por volta das 3h da manhã.
Potosí é muito ruim para dirigir. Ruas estreitas que servem para duas mãos, mas em alguns momentos só um veículo consegue passar e trânsito caótico (como toda Bolívia).
O único hotel que encontramos com estacionamento custou uns 400 bolivianos (Hotel Claudia). Pelo menos o café da manhã era razoável. Bom para o padrão. Não dormimos bem, pois sem muito aclimatar fomos direto para uma elevação de 4100m que resultou em muita dor de cabeça.
Foram 20h de viagem.
Distâncias:
Salta – La Quiaca = 373km
La Quiaca/Villazón – Potosí =346km












Dia 03.
Comigo não tem descanso. Acordamos cedo para o café e percorrer alguns pontos de Potosí. Não tinha interesse na visitação da mina de prata. Visitamos a praça principal e o Museo Casa Nacional de la Moneda (de 1773). A cidade é repleta de história. Vale a pena ir neste museu.
Potosí surgiu em função da prata na montanha Cerro Rico. Foi declarada patrimônio histórico pela Unesco. É um dos centros históricos mais importantes da América Latina e chegou a ser uma das cidades mais ricas do mundo.
Após um lanche-almoço seguimos tranquilamente pelas estradas cheias de curvas até o Uyuni. Trecho bonito e asfaltado. Chegamos ao final da tarde e ficamos no hotel logo na entrada. É bem mais barato que Potosí. Guardamos o carro e separamos o material que levaríamos no Tour pelo Salar.
Distância:
Potosí – Uyuni = 200km.





















Dia 04, 05 e 06.
Conseguir vaga para o Tour pelo Salar do Uyuni é tranquilo. Todos os passeios saem a partir das 10h da manhã e tem o mesmo valor. Tomamos café e fomos ver algumas agências só pra confirmar. Escolhemos a que nos pareceu melhor e contratamos o serviço (pago em bolivianos – saque em banco local). Compramos mais alguns lanches e água e às 10h estávamos partindo para um dos grandes objetivos da viagem: Tour de 3 dias pelo Salar e região Sud Lípez (que me levaria até o vulcão Licancabur e a Laguna Verde mais uma vez). Com a gente na Hilux foram duas inglesas super engraçadas, um outro inglês que estava com elas e um francês. Os três primeiros não entendiam nada de espanhol. Toda a alimentação das refeições principais está inclusa no pacote. A comida era simples, mas boa e farta.
No primeiro dia do tour (Dia 04 da viagem) passamos pelo Cemitério de Trens, Colchani – vilarejo na borda do salar, Hotel de Sal – sob reformas e a Isla del Pescado. Dá pra ir com um carro normal e por conta até aqui. Até mesmo para o vulcão Tunupa.
Nossa primeira noite foi no povoado San Juan em um hotel novinho todo de sal. E nessa noite fiz algo que eu disse que não faria: comi carne de Llama. Muito boa.















No segundo dia do tour (Dia 05 da viagem), já estávamos fora do Salar e na região de Sud Lípez, passamos pelas Lagunas Honda, Hedionda e Charcota, o Deserto de Siloli (Arbol de Piedra) uma região com grande presença de enxofre que produz em efeito degradê de cores nas montanhas.
A segunda noite não foi tão boa quanto a primeira. A acomodação foi bastante simples e fez muito frio, pois estávamos na Laguna Colorada (mais de 4200m de altitude), mas tudo era só alegria. Esse foi o dia sem banho pra todo mundo. Não há água encanada no banheiro e nem aquecimento. Além disso, tivemos que acordar às 4h da manhã para iniciar o passeio. Esta laguna tem uma forte cor vermelha devido aos pigmentos das algas. Podemos ver também muito bórax e sal.

















Para o terceiro dia do tour (Dia 06 da viagem) seguimos rumo ao sul, praticamente na fronteira com o Chile (Paso Hito Cajón) onde já havia estado em outra viagem. Saímos cedo (4h da manhã) para visitar os gêiseres Sol de la Manãna. Seguimos para a Laguna Verde (4400m) aos pés do vulcão Licancabur e após para as Termas de Chalviri com águas que podem chegar aos 30°C. Prosseguindo o passeio voltamos pelo Valle de Piedras até o povoado de San Cristóbal e deste para o Uyuni onde chegamos por volta das 17h. Ficamos mais uma noite no mesmo hotel.
As temperaturas oscilam, pois mudamos de altitude ao longo do passeio. Passamos por momentos de calor no começo quando, de fato, estamos no meio do sal do Uyuni. Porém na região de Sud Lípez o frio aumenta.
Cruzar o Uyuni e a região de Sud Lipez é show de bola e não é complicado se orientar. De tanto estudar os mapas até já sabia a direção a se seguir, porém em alguns trechos até para 4×4 fica difícil. Encontramos uma galera cruzando de bike e fazendo trecho Atacama-Uyuni. Fiquei na vontade de arrumar uns parceiros loucos pra isto!







De uma outra viagem para conhecer a região do Atacama… tenho estas recordações da Laguna Verde e do Licancabur:


Dia 07.
Saímos do Uyuni por volta das 7:30h da manhã. Fomos lentamente curtindo a estrada e a vista até Potosí. Abastecemos e seguimos com o objetivo de passar a noite em La Paz (perdemos muito tempo em Potosí e decidi não voltar por esta região). Seguimos rumo ao norte pela Ruta 1 e passamos por Tarapaya para visitar o Ojo del Inca (uma laguna redonda que é uma cratera de um vulcão que libera água). Não tinha nada de mais. Uma pena. As pessoas usavam como uma área de diversão de final de semana e o local não era organizado e bonito. Seria se não houvesse tanta intervenção no e o acesso fosse mais dificultado. Enfim, passamos porque estava no nosso caminho.
A região é muito seca, sem vegetação e montanhosa. Veja no Google 3D. Seguimos para Challapata passando no caminho por uma imensa Laguna. Achei que passaríamos perto do Lago Poopo, mas o nível estava tão baixo que este ficou muito, muito afastado do nosso caminho. Passamos por Oruro, Patacamaya, etc… até chegarmos à El Alto já na região de La Paz. Era noite, mais uma vez, e tínhamos que achar um local para dormir. Após algumas tentativas de entender o trânsito confuso e sem qualquer regra da Bolívia e não achar o caminho para sair da rodovia e descer para a parte baixa da cidade, achei um taxista para combinar o preço e ele foi na frente mostrando o caminho. Escolhemos o hotel segundo um guia de viagem e ficamos neste mesmo hotel por 4 noites. Valeu a pena pela localização que dava acesso fácil para as principais ruas e pontos turísticos (Hotel Sagarnaga – na rua de mesmo nome e quase esquina com a Illampu onde se encontra de tudo para comprar).
Não era tarde. Por volta das 21h. Até aqui umas 14h de viagem, paradas e tentativas de circular em La Paz. Foi só o começo dos problemas…
O Hotel era bom, mas não tinha vaga na garagem na primeira noite. Saí pra catar garagens, mas já estavam fechadas. Consegui negociar (por fora) o aluguel em outro hotel e tendo que retirar o carro as 7h da manhã (troca de turno do porteiro…sabe como é…). Depois disso resolvemos comer alguma coisa… porém em tal horário muito já estava fechado e a gente ainda não conhecia bem a cidade… por sorte um local chamou a atenção por ser mais a nossa cara: estilo rock, ambiente bom… entramos pra comer uma pizza e tomar uma gelada (mesmo não bebendo mais a gente merecia). Só depois fui ver que era o Hard Rock La Paz.
Distância percorrida: Uyuni – Potosí – Tarapaya – Challapata – Oruro – El Alto – La Paz = +/- 900km.









Dia 08.
Após um rápido café da manhã fomos ver alguns pontos turísticos (antes eu peguei o carro e coloquei na garagem do hotel, finalmente). Afinal, estávamos perto da grande maioria e dava pra conhecer tudo a pé.
Pode ser cansativo andar por La Paz por conta da altitude, mas até que estávamos bem de preparo.
Visitamos a Iglesia San Francisco (praticamente do lado do hotel) originalmente construída em 1549 e reconstruída em 1753. Fomos percorrendo as ruas e vendo toda a arquitetura local até a Plaza Murillo onde se encontram o Palacio Legislativo, Palacio Presidencial e a Catedral construída em 1835. Seguimos nosso passeio vendo alguns dos museus que ficam nesta região e fomos até a Calle Jaén (um pequeno calçadão com museus e arquitetura da época colonial). Após, pegamos um táxi até o Mirador Killi-Killi do qual se tem uma boa vista de La Paz. Assim passamos o resto do dia… vendo a arquitetura e costumes locais e visitando algumas lojas de artesanato.
Eu queria subir o Huayna Potosí, mas isso não seria possível no nosso cronograma. Vai ficar para o tal curso de escalada em gelo que pretendo fazer lá… assim que possível.



















Dia 09.
Dia perdido. Alguma coisa que comi no dia anterior me deixou de um jeito que nunca fiquei antes. Muita febre e coisas piores. Fiquei dormindo o dia inteiro. Em função deste atraso não pude encarar o passeio de bike até Coroico.
Dia 10.
Neste dia fizemos algumas coisas de leve. Museu de la Coca (sem fotos) e mais uma circulada pela cidade. Descobrimos um bom mercado perto do hotel para comprar nossos lanches e até preparar alguma coisa no quarto mesmo. Mais seguro.
Ah, claro, pra quem quiser carnes, iogurtes… os mesmos são vendidos nas ruas ao céu aberto e sem refrigeração. Aliás, difícil é encontrar uma bebida gelada na Bolívia.
À noite percorremos o Mercado de las Brujas famoso por se encontrar de tudo. Até fetos ressecados de llama e usados para trazer boa sorte. O que me disse um senhor local é que as primeiras crias são perdidas e esses são os fetos utilizados.
